domingo, 17 de abril de 2011

Gastando tempo com os filhos – O bom uso da televisão

Mannoun Chimelli

A televisão como qualquer objeto é indiferente, seu uso indiscriminado é que pode ser complicado para o plano educativo.
Os meios de comunicação de massa exercem um grande poder na formação das crianças, sobretudo o rádio e a televisão.
 A televisão é um meio incomparável de informação, formação, transformação, pois é um dos meios mais acessíveis e envolventes. Concilia imagem e som e fornece a mensagem de forma atraente, agradável, dispensa esforço pessoal, e cativa, fortemente, adultos e crianças. É é exatamente aí que reside seu perigo. A TV é somente um objeto e muitas vezes recebe maior atenção que o próprio ser humano, pelo facínio que exerce sobre os próprios indivíduos.

A TV precisa ser tratada como um serviço ao homem e não como um escravizador seu.

Assim como em casa só recebemos as pessoas amigas, podemos também selecionar os programas que a família vai ver.

É preciso ensinar as crianças o que serve e o que não serve, para que saibam escolher, mas isto exige tempo e atenção, coisa que os adultos em geral, não estão dispostos a fazer.

Uma pesquisa realizada por alunos da USP em 1990, que baseou sua amostragem nas quatro principais redes de TV nacionais entre as 08:00 da manhã e meia noite, indicou que ao final de uma semana, se teria assistido a:
-          1145  cenas de nudez
-          276 relações sexuais
-          72 palavrões
-          707 brigas e facadas
-          1940 tiros
(a semana amostrada foi 28/05 a 03/06/90 a pesquisa foi citada na reportagem Sexo e Violência na TV da Revista Veja).

Diante destes números que de lá para cá só tenderam a piorar, poderíamos argumentar que ninguém ficaria assistindo aos 4 canais simultâneos assistindo TV o período todo, mas somente 2 horas diárias diante da telinha já seriam suficiente para receber doses maciças de violência, pornografia dos anúncios, propagandas, programas, etc.

Qual seria o efeito de tudo isto na cabeça das crianças, adolescentes e jovens??
A contínua insistência da programação televisiva nos temas ligados à violência, seqüestros, terrorismo, vai pouco a pouco tornando as pessoas insensíveis e indiferentes ao sofrimento.

Contudo, se por um lado a TV:
1.     traz informação,
2.     torna acessível teatro, música e esportes,
3.     faz companhia para idosos e doentes,
4.     exercita a memória, desenvolve a atenção e pode também ser um auxiliar educativo,
Não podemos esquecer que:
5.     limita a atividade física e a conseqüente passividade física e mental que impõe as crianças, e ao contrário do que se pensa, a televisão não estimula, mas  reduz a capacidade imaginativa, por apresentar imagens já prontas;
6.     faz de tudo para conseguir o que deseja, estimula “a lei do mais forte” e do “vale tudo”;
7.     desperta o interesse pelo sexo de forma precoce e dissociada da visão do amor e do casamento;
8.     estimula a sensibilidade superficial – emociona-se com o drama e esquece a vida real.
9.     desenvolve a tendência para o menor esforço, enfraquecendo a vontade a capacidade de lutar por atingir as metas que a pessoa se propôs.
10. transforma o lazer numa atividade individual, solitária ao invés de ser um tempo destinado a comunicação e ao relacionamento com os outros.

Ideologias camufladas, mensagens subliminares, ataques formais ou disfarçados com ironia à moral, à família, a crenças e valores fundamentais, misturado com a pornografia, sordidez e falsa naturalidade são apresentadas em cenas chocantes, em chamadas nos horários nobres.
Segundo o professor Haim  Grunspun da PUC –SP  “ a televisão brasileira enveredou por um caminho que não está ligado a educação do povo, nela ninguém se preocupa com as crianças, com seu futuro sexual e com as gerações que se estão formando na frente do vídeo”.

O que fazer então??
Seguem algumas dicas:
-          Nunca deixe a televisão ligada o tempo todo, ao contrário, mantenha habitualmente desligada, utilizando-a para assistir em família os programas selecionados, principalmente se as crianças forem pequenas;
-          Selecione e marque com antecedência os programas, canais e horários que vale a pena assistir;
-          Procure estar presente para orientar a utilização da televisão dos dos vídeos.
-          Interprete filmes, novelas, programas, dando a verdadeira e honesta visão dos temas.

Assim, você estará formando no jovem o critério pessoal que eles precisarão futuramente para orientar a própria vida.

“A entrada da televisão nos lares, modificou hábitos, costumes e horários familiares, mas não é capaz de destruir seja o que for, se os pais não deixarem que o faça. É a atitude que os pais adotam perante dela,  tornando-a um meio, um instrumento a seu serviço, e não o contrário,  o que vai ditar a sua influência positiva ou negativa”.

J. de Alba, O tempo livre dos filhos, EUNSA, Pamplona, 1980.


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