sábado, 30 de julho de 2011

Ensino de letra cursiva é suspenso nos EUA


Ensino de letra cursiva é suspenso nos EUA





O uso de computadores, celulares, tablets e laptops  têm transformado 
o dia a dia das crianças. As mudanças são visíveis nas brincadeiras 
e também na hora do aprendizado dos pequenos. Tanto que nos
 Estados Unidos, a tradicional forma de escrever com a letra cursiva 
(de mão) foi considerada ultrapassada e o ensino deve ser abandonado
 em mais de 40 estados norte-americanos.

O primeiro deles a suspender por lei o ensino da letra cursiva nas escolas 
foi o estado de Indiana. Os defensores do novo código argumentam que, 
atualmente, as crianças não necessitam e quase não se utilizam de caneta 
e papel para escrever e por isso a alfabetização deve se focar no ensino 
da letra bastão e nos métodos de digitação. A medida causou polêmica 
nos EUA. Será que o hábito pode ser incorporado por aqui também?

Para a psicopedagoga Anete Hecht, diretora pedagógica do Colégio I.L.Peretz,
 em São Paulo, não há motivos que justifiquem a retirada do ensino da 
letra cursiva nas escolas brasileiras. “Os métodos devem ser somados e
 não reduzidos. A alfabetização acontece no primeiro momento com a 
letra bastão, depois a criança passa para a letra cursiva. Isso é importante
 porque na letra de mão, a criança desenvolve traços da sua identidade e
 personalidade”, afirma. A psicopedagoga se preocupa também com o
 desenvolvimento da coordenação motora fina das crianças, que poderia 
ser prejudicada pelo abandono da letra de mão.

Mas segundo Saad Ellovitch, neuropediatra do Hospital Samaritano 
de São Paulo, o desenvolvimento da coordenação motora fina não
 está estritamente relacionado à escrita cursiva, mas também ao uso
 das mãos em movimentos sutis. “O cérebro se adapta às necessidades 
do corpo. Você pode desenvolver a motricidade fina, ou seja, a 
capacidade de execução de movimentos pequenos e delicados, 
com outras atividades, como por exemplo, o desenho”, afirma a 
especialista. O corpo é capaz de se adaptar assim às novas condições 
impostas pelo desenvolvimento humano.

Hoje, a substituição da escrita cursiva pela digital se apresenta como 
um processo natural - e não necessariamente um problema. 
“A escrita digital predomina na maioria dos trabalhos da esfera
 profissional. Por isso, o investimento no ensino da letra cursiva para
 essa função está cada vez mais em desuso", explica Maria Jose Nóbrega,
 filóloga e assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
 A portabilidade dos equipamentos é outro fator que desestimula a escrita 
de mão. No entanto, como os impactos das novas tecnologias sobre a
 educação e o aprendizado ainda são pouco conhecidos, a especialista 
reforça que os novos e os antigos métodos tendem a ser usados de forma 
conjunta.“Ainda não podemos excluir o ensino da letra cursiva, porque no
 Brasil nós não temos auniversalização do acesso ao computador", diz.

Outra razão seria porque a escrita manual desempenha algumas funções
 que ainda não foram substituídas pela digital. Uma letra bonita, em 
um caderno arrumado, é claro, também ensinaconceitos de organização.

Fonte: Revista Crescer